Um filme nada fácil. Muita realidade, especialmente no que diz respeito às agulhas e às drogas e a um mundo não muito cor-de-rosa. Não obstante isso, acaba por ser interessante porque, de cada vez que parece que sabemos o que se vai passar no filme, acabamos por nos enganar. Isto - e é conclusão a tirar! - é sermos conduzidos ao sabor do que quer quem está por detrás das câmaras, mesmo que não gostemos de estar a ser conduzidos, numa espécie de labirinto esguio em que François Ozon tenta fugir a todas as soluções fáceis e que tornariam o filme ou num feeling good movie ou num longo rosário de deprimente intelectualismo revivalista dos anos 80. É uma sensação estranha, que nos deixa em suspenso, como se nos sentíssemos atirados contra paredes de sentimentos que não são os nossos e que não são a forma como gostaríamos que as coisas fossem e acabassem. Borboletas no estômago, umas quantas vezes. Um aperto, de vez em quando. E alguma esperança no final.