Lido
Quando ela chegou a casa, ali para os lados de Cedofeita, passeou pelos quartos sem rumo, deslindando as teias do amor, finalmente seu. Abriu a porta do jardim, daqueles compridos e estreitos como só há nas cidades do norte e caminhou até ao fundo, até à gigantesca árvore que o rematava. Quem, há muitos anos, a plantara devia ser mulher, pensou, que só elas gostam das raízes para viver e das folhas para acompanhar os ritmos da vida e sombrear as decisões irreflectidas. Sentou-se no banco e tocou o tronco com a mão. Deixou-se estar uns minutos imóvel.
in O Toque
'As fabulosas histórias dela' - Contos do Porto imaginado
Beatriz Pacheco Pereira
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