Sempre gostei muito de caminhar.
Foi uma coisa que sempre me arrumou a cabeça.
Uma coisa que sempre me fez feliz.
O que não é díficil, quando se mora numa cidade tão bonita como o Porto.
É jargão falar-se da luz de Lisboa.
Eu percebo. Ainda para mais, quando o ouço sair da boca de pessoas a quem o sol faz mesmo muita falta.
Mas eu sou do Norte.
Desse norte granítico, onde as pedras das margens do rio me conhecem bem.
Da luz cinzelada que inunda esta cidade.
Dos fins de tarde frios em que os olhos procuram agasalho no pôr do sol que saltita atrás da Ponte da Arrábida.
Dos faróis dos carros que tremeluzem e arrastam os pés, vagarosos, num vogar que marulha, muito mansinho, lá ao longe.
É por isso que hoje, neste outono de que tanto gosto, voltei a caminhar.
Prometi a mim mesma que vou tentar caminhar todos os dias.
Agora que tenho tempo, é tempo de regressar ao meu caminho das pedras.
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