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A mostrar mensagens de 2020
Amar, verbo intransitivo
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O romance que escandalizou a sociedade de São Paulo em 1927: a história de Carlos, adolescente numa família burguesa tradicional, e da sua iniciação sexual por Fraulein Elza, contratada para o efeito. É uma das obras que marca o início do Modernismo Brasileiro e, por isso mesmo, é estranha, fruto da originalidade que é imprimida à linguagem - nada fácil para nós, portugueses, em alguns termos - e do alheamento das regras gramaticais. Implica algum esforço e estranha-se. Mas gosta-se. É uma experiência.
Não sei se sabes
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Não sei se sabes que a meio da manhã o verde dos teus lábios passou para as encostas e um gomo transparente adormeceu nos juncos e abriu. Abriu um brilho qualquer na gruta fria e pôs uma fogueira pequenina numa taça e elevou as mãos quentes pelo dia. talvez tu saibas que o principal do amor é uma montanha de efeitos secundários. Não sei se sabes Rui Costa
Poesia de cabeceira I
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Entre os projectos a acabar e a começar em tempos de isolamento social, tenho trazido aos poucos os livros de poesia para a mesinha de cabeceira. Vou lendo aos poucos antes de adormecer. Ou vou lendo, antes de adormecer aos poucos, não sei bem. Este, de que gosto muito, foi um dos primeiros. Uma colectânea de um colega de curso e amigo dos tempos da faculdade, que já não está connosco. Infelizmente para nós, porque, para além de tudo o resto, tinha um talento enorme, cortado tão rente quanto cedo, para escrever.
Patchwork
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Em tempo de isolamento social, tenho acabado muitos projectos que tinha em mãos. Mas não tive coragem de olhar para o projecto que tenho inacabado há mais tempo. Porque me tenho sentido incapaz de o acabar. Até agora. Já devo estar há demasiado tempo dentro de casa para ter a ilusão que sou capaz de fazer isto. Qual Capitão Ahab, frente à baleia branca. A ver vamos. P.S.: O que mais me enfurece é que, ao arrepio do que costumo fazer, isto parece não ter esquema nenhum e ser à sorte...e isso aflige-me. Deve ter sido um acto rebelde da minha parte mas agora, bem vistas as coisas, não sei se estou muito contente com isso.
Regresso ao caderninho.
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Gosto de revisitar o que escrevo, o que fotografo, o que me sai das mãos, os meus desabafos. E o formato de que mais gosto sempre foi este - de caderninho digital. O facebook é-me confuso e pouco dado a meticulosas etiquetas, de que tanto gosto. A arrumação por página e a paz que me traz o saber onde encontrar o que procuro fez-me voltar. É trabalhoso repor muito do que se fez nos últimos quatro anos mas, com o isolamento social, não posso queixar-me da falta de tempo. E a verdade é que está a saber-me pela vida este trabalho. Este recolher da memória faz bem. Traz até mim pessoas, sítios, livros, escritos e coisas que gosto de recordar. Que me desculpem os poucos que me seguem aqui e que vão levar com uma enxurrada de actualizações. Mas não há outra maneira.
E que falta me faz a vertigem de uma valsa bonita.
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Pequenos afazeres domésticos ao som de uma scottish de que gosto muito.
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Vintage mexicano
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Esta manta é talvez das coisas de que mais gostei de fazer e das que mais me orgulho. Fi-la há uns quatro anos mas, desde que comprei uma cama maior, tem ficado fechada no armário. Agora, precisava de aperfeiçoar uns acabamentos e alguns pedaços que se tinham estragado por estar fechada e arrumada, sem uso. Como este tem sido o período em que há tempo para fazer esses trabalhos pouco portáteis, consegui terminá-lo. O que não consegui foi voltar a guardar a manta no armário: agora, está no sofá onde costumo passar algumas das minhas horas de lazer. Não tinha muita certeza acerca de tanta cor, com o tapete e tal, mas, as vezes, é preciso arriscar. Agora parece uma casa mexicana. Vintage mas definitivamente mexicana
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Todas as manhãs, enquanto olho, distraída, para as folhas do diospireiro em frente da minha varanda, vem-me à cabeça a estrofe final do poema de Herman Melville, 'Malvern Hill': Nós, ulmeiros da colina de Malvern Tudo recordamos; Mas a seiva de novo inundará os galhos; Não importa como se agita o mundo, As folhas devem verdejar na Primavera. We elms of Malvern Hill Remember every thing; But sap the twig will fill; Wag the world how it will, Leaves must be green in Spring. Muito apropriado aos dias que vivemos, especialmente as duas últimas linhas.
Isolamento social: mantas de crochet e séries.
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O meu MP3 e o meu disco rígido têm casinhas novas, feitas à medida.
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Domingo de Ramos e palmiers caseiros, com o doceiro de serviço.
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Um conjunto muito simples e fácil de bases para copos, feito com restos de lãs.
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O que vai ganhando forma em pleno isolamento social. Duas pegas de cozinha.
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Flores que nos animem depois de uma ida - essencial - ao supermercado, ao estilo 'the walking dead', e em dias de isolamento social.
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Gin o'clock in social distancing. Medicinal purposes, of course.
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Isolamento social - pãezinhos de queijo no forno e o primeiro tapete quase pronto.
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Covid-19 e decisões
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O cenário não é bom, como se vê do exemplo de países bem próximos, e a adopção de medidas como o encerramento de escolas e de quarentena torna tudo mais assustador. Não sou histérica por natureza. Quem me conhece sabe muito bem que tenho, por regra, muitos cuidados nas minhas viagens e na minha vida normal. Mas, por muito que gostasse de - e acredite que isso será possível em breve - continuar a fazer a minha vida normal, que é andar de avião de cá para Londres e de Londres para cá em muitos fins-de-semana, entre as minhas duas casas, a verdade é que isso me parece irresponsável neste momento. Mesmo que daqui a quinze dias venha a achar que foi uma histeria desnecessária e tola, a rir-me e a abanar a cabeça, neste momento acho que a melhor solução é ficar em casa. [Custa-me, porque fico longe da minha outra casa, de que sinto falta, mas não me parece que haja muitas alternativas responsáveis agora. E é aí que quero chegar: a responsabilidade conflitua muitas vezes com ...
Bertrand Russell
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Whenever I need to hear a voice of reason in this crazy world, this is where I go back to: Bertrand Russell. Specially because, a hundred years later, if you replace certain events with others, more of nowadays, you realize his writings make more sense than ever. And his perspective still works. I feel better already.
Endgame
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Vedes o apito que o Sr. Alan Cumming tem ao pescoço na peça de Samuel Beckett 'Endgame'...? É exactamente o que o JP trouxe para casa, depois de o Alan Cumming lhe ter acenado com a cabeça, perguntado através de gestos se lho podia atirar e tê-lo atirado com um 'With my compliments' que, com certeza, não fazia parte do texto original de Beckett. Temos um espectador muito feliz! Para além de a peça ter sido fantástica, claro.