25 de Abril
Ontem, quando vinha da reunião com o arquitecto da minha casa nova, passei na rotunda que tem aquela conhecida rede vermelha suspensa. E fiquei contente ao ver diversas construções com cravos vermelhos que as crianças das escolas primárias do concelho criaram, a pensar no 25 de Abril.
É que dei por mim mesmo contente...e pensei no motivo a que se devia tal súbita e inundante alegria interior e satisfação. Deve ser por ver quão maltratada tem sido a nossa Revolução que, quer se goste quer não, faz parte da nossa história e da nossa cultura enquanto Portugueses (sim, com letra grande, porque é desses que falo!).
O 25 de Abril não se trata de um facto histórico único e isolado mas que deve antes ser perspectivado na forma como, se houve coisas que se perderam, também houve muitas conquistas. E é nessas que penso quando me sinto orgulhosa deste lirismo que me enche o peito ao sentir o significado deste dia há 35 anos atrás. Sem falsos esquerdismos, encapotados ou não.
Os meus pais, cientes das suas três filhas para criar, lembram-nos muitas vezes que os direitos das mulheres ganharam uma outra dimensão. E fazem-nos pensar na circunstância de, pelo facto de sermos mulheres e de sermos filhas de pais com escassos recursos económicos, dificilmente teríamos - e exerceríamos! - as profissões de procuradora-adjunta, engenheira e professora do ensino básico, caso o 25 de Abril de há 35 anos não tivesse sido um dia diferente.
E outra das coisas que me orgulho é de me terem ensinado desde muito pequena a acarinhar - se calhar! - o mais valioso de todos os valores: que a liberdade é um dos nossos bens mais preciosos e uma das mais imprescindíveis dimensões do ser humano, independentemente de raça, religião, posição social ou económica...!
Por isso mesmo, das poucas memórias de infância que ainda hoje retenho é de ser muito pequenita e papaguear de cor todas as estrofes desta música, que também vou ensinar aos meus filhos, um dia que os tenha:
E acabo este post de índole panfletária, com as saudades que tenho de ver o meu amigo Tomás acompanhado da minha irmã Marta, a cantar isto em vários outros 25 de Abril na sala da minha casa...!
Um beijo grande de saudades, directamente para Colónia!
Volta depressa...
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