Pois bem.

Se julgam que o vosso carro xpto, fruto da tecnologia alemã, que até tem uma luzinha amarela para avisar que o depósito de combustível entrou na reserva - e, dizem os manuais, uma luzinha vermelha, para quando está mesmo nas lonas e até, diz o estupor do booklet que têm de ler quando o carro pára sem saberem porquê, uma mensagem a dizer quantos litros faltam até ao vermelho! - vos vai avisar a tempo de chegarem a um posto de abastecimento, desenganem-se e acreditem no que digo: é mentira.

É, aliás, uma das muitas patranhices que vos contam no momento em que vos vendem o carro.
Essa e a de um depósito que entra na reserva aguentar cerca de 100 km.

À conta das patranhices, o meu carro decidiu desfalecer, esfomeado, a cerca de 200 metros do posto de abastecimento.

Ligou-se os quatro piscas, leu-se o manual - com a lanterna do telemóvel, essa funcionava! -, telefonou-se para o pai - ainda que estivesse a mais de 30 km e não servisse de nada estar a ligar, ainda antes de ligar para a assistência em viagem, é coisa de mulher necessitar do apoio, ainda que moral, de um homem em que se confie, nestas situações! -, vestiu-se o colete, fez-se a tentativa de montar o triângulo de sinalização - apesar de o comum dos mortais saber que aquilo é uma armadilha-quebra-cabeças para qualquer mulher, que desiste ao fim de cinco minutos! -, foi-se buscar gasóleo, tentou-se ligar o carro e, finalmente, porque insistia em não pegar, recorreu-se à assistência em viagem.

Quinze minutos volvidos, apareceu um simpático senhor, de ar circunspecto e de bigodinho aparado, que, depois da explicação do sucedido, se meteu no meu carro e deu ao estupor da chave na ignição até vencer a bomba do combustível pelo cansaço e a dita começar a beber o gasóleo.

Moral da história: homem que é suposto ser mecânico não tem de perceber grande coisa de carros, tem é de ser mais teimoso com o carro do que a mulher que o conduz!

Ah, e já agora, talvez seja melhor não confiar nas patranhices dos carros e não esperar que acenda qualquer luz no tablier antes de dar de comer ao bichinho de quatro rodas. É que, sendo alemão, pode não saber pedir comidinha em português...

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